terça-feira, abril 03, 2007

A PAZ DO ROCHEDO

Ao meu Amigo Gonçalo Moita

Pairas serenamente
sobre o rochedo que avista
a planície e a tempestade
colhendo a aragem e a maresia
de cada um dos horizontes
de que assumes as travessias
na resignação de teus passos
ao Caminho traçado para ti.

Tens o céu como destinatário
das tuas palavras solitárias
e dos teus silêncios nocturnos
onde confidencias na intimidade
desérticos caminhos em que transitas
descalço de milagres e despido de preces
na abnegação de um cuidado divino
especialmente reservado para ti.

Vais trilhando esse empedrado
Pontiagudo e fendido pelos tempos
Onde rasgas os passos que te impões
No traço irreversível das tuas causas
E onde te pacíficas entre pedras soltas
Guardadas na algibeira para o amanhã
Desse castelo que um dia irás fundar.

Vais com as pedras do teu caminho
Partilhando a paz.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

UMA DÁDIVA DE LUZ

Ao meu amigo Duarte M.M.


Olhas sobre o traço de oiro do horizonte
Na busca serena de um desígnio distante
Visível aos olhos de fechadas pálpebras
Como quem no sono pressente a alvorada.

Nua cornucópia serpenteada por espirais
Erguida pelos ventos trazidos do Levante
Que te invadem de redemoinhos de areia
Dos desertos em que te insistes encontrar.

Sentinela de um recanto universal
De onde migram lastros siderais
Num cuidado propósito de desvendar
Caminhos transitários de renovação.

Descalço caminhante sobre a lava incandescente
Despido monge das vestes pela sombra despojado
Solitário peregrino de santuários abandonados
Desarmado guerreiro das causas ensanguentadas.

Deixas as pegadas dos teus passos na alma
De quem revelas os seus recantos de amanhã
Numa dádiva de luz que concedes como um anjo
Mensageiro da verdade traçada num lugar além.

Ergues os braços num rasgo fecundo de vida
Com que fundes a terra e o céu.


JPAnunciação

terça-feira, novembro 07, 2006

UM DIA DE ANIVERSÁRIO

A meu amigo Francisco Amorim


Recusas celebrações públicas
do teu dia de aniversário
como quem foge de um palco
prestes a convocar-te
por nomeação honrosa
à mais alta condecoração
do dez de Junho.

Recusas solenes festividades
que te coloquem em destaque
no centro de uma mesa de jantar
esfaqueado por todos os olhares
que golpeiam a tua discrição
e esquartejado por todas as vozes
que mutilam o teu silêncio.

Jamais o centro ou o meio
jamais o cerne ou o âmago
jamais o fulcro ou o eixo
jamais bailarina rotativa
de uma caixa de música…

jamais stripper da humanidade!

Recusas-te a ser o centro de um mundo onde tens
teu terraço lateral com vista sobre o universo.


==//==
Muitos Parabéns!

domingo, outubro 15, 2006

Amo os Amigos

Amo os amigos
de braços abertos
como troncos de árvores
à porta de nossas casas
e com livros pendurados
nos galhos estendidos
a saudar o universo.

Amo os amigos
com as suas vidas dispersas
algures num movimento
entre as ondas e as searas
e com os olhos raiados
por todos os sentimentos
que fervilham no acaso
dos seus dias súbitos.

Amo os amigos
das casas da madrugada
dos encontros nocturnos
das aparições imprevistas
das caminhadas peregrinas
dos desertos solitários.

Amo os amigos
incendiários da alma
onde as palavras ardem
na voz que as consome
por rastilhos de improvisos
em folhas soltas de café.

Amo os amigos
Que se alimentam
sem fome do passado.


JPAnunciação

domingo, outubro 01, 2006

A distância entre as nossas almas
está a um palmo do céu.


JPAnunciação